sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Nessa tarde, a caminhada tinha sido solitária e demasiado introspectiva. Acompanhavam os seus passos, os bafos despojados de um cigarro ainda aceso. Finalmente, ao longe, avistara a casa do seu amigo.
Entrou pelas traseiras, como era já seu costume, com o andar leve e cansado. Tirou o agasalho, pendurou-o no velho bengaleiro e dirigiu-se para a zona mais acolhedora da habitação. A sala de estar tinha a antiga lareira acesa e aproveitou para se aquecer, enquanto se deliciava com um tentador licor caseiro. O companheiro preparou um uísque com duas pedras de gelo e acendeu um dos seus muitos charutos. Por entre o álcool e o fumo, abordaram os mais diversos temas.
A tarde continuava excessivamente chuvosa e, no seu regresso, a lama persistia teimosa. Sentia-se agora triste por ter deixado o amigo sozinho, entregue a uma solidão tão sua. Este vivia só há catorze longos anos.
Sabia bem como se sentia, uma vez que também se encontrava sozinho desde a morte da sua esposa.

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