sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Foi num Domingo excessivamente chuvoso e de morosas trovoadas que sentiu o bafo do seu amargo cigarro penetrar o seu sensível olfacto.
Vestia um sobretudo azul-escuro, umas calças de fazenda e calçava um par de sapatos castanhos engraxados. Trazia, como apoio da sua mão direita, a antiga bengala e, ainda, o seu chapéu.
O Senhor era professor da disciplina de História da Europa Moderna, na Universidade local.
Naquela tarde, regressava do seu passeio habitual. Tinha ido visitar o amigo de longa data, residente na outra margem do lago. Um antigo combatente da Segunda Guerra Mundial, de barba já enraizada e cabelos grisalhos.
Muitas eram as tardes de conversa e amena cavaqueira nas cadeiras de madeira esbranquiçada da varanda, sempre acompanhadas de um uísque e de um charuto havano. Conversava-se sobre vários assuntos da actualidade e do antigamente.
Característica comum destes dois camaradas era o gosto por História e Literatura.
Quis o destino que se conhecessem durante o decorrer da Segunda Grande Guerra, enquanto jovens completamente loucos de desejos, sonhos e ambições.
Frequentaram ambos a mesma Companhia e tiveram como Capitão o mesmo Ser obsoleto, intragável e animal. Enfim, uma besta!
Desses tempos de juventude, guardavam inúmeras memórias que mereciam ser recordadas.

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